segunda-feira, 29 de setembro de 2014

​O que a Trifon me ensinou

III Copa Trifon Ivanov (Foto: Fernando Ito)
O último sábado, dia 27 de setembro, estava nublado, mas cheio de luz. Luz nos sorrisos, na expectativa que cada jogador, torcedor e organizador carregava consigo pelo simples fato de poder rever os amigos de longe, separados por um monitor.

Já cheguei recepcionado com um abraço apertado. Senti que o dia seria sensacional, como foi na segunda edição, em fevereiro.

É claro que a Copa Trifon Ivanov é mais do que um simples campeonato de futebol. A Trifon é o encontro e o reencontro de uma galera que deposita e compartilha boas energias e bons conteúdos na internet com opiniões, textos e, mais do que isso, quem acredita na amizade à distância. Eu fiz muitos amigos por causa da Copa Trifon Ivanov.

Independente de quem levante a taça, faça gols ou comemore com a torcida, se sentir em casa mesmo estando 540 km longe dela é o que mais me agrada ali no Playball Pompeia.

Por mais que o céu permanecesse cinza no sábado, o colorido dos uniformes preenchiam o ambiente mesclando tons de azul, verde, amarelo, vermelho, branco e preto.

O importante é que a Copa Trifon Ivanov não perdeu o estilo não-moderno de ser um campeonato que cultiva muito mais a confraternização do que a seriedade de ir pra jogar e ganhar acima de tudo - embora haja exceções. Mas eu até entendo quem vai com sede de vencer, eu também queria ter vencido.

Eu queria ter saído campeão, mas a Trifon me ensinou que a Copa é muito mais do que gol. A Copa é ser amigo, falar e ouvir, zoar e ser zoado, abraçar e ser abraçado. Obrigado, Trifon Ivanov. Fique e reine para sempre.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Uma faca de dois gumes

Jogadores se reúnem para falar sobre movimento
(Foto: Dhavid Normando/Folhapress)
Já era hora de os maiores responsáveis pelo espetáculo futebol, que vendem o produto com o próprio suor dentro de campo, se manifestarem. O Bom Senso F. C., movimento político fundado neste ano e liderado pelo meia Alex, do Coritiba e Paulo André, do Corinthians, emerge três décadas depois de Sócrates, Wladimir e Biro-Biro se unirem e levarem à paralisação do Campeonato Paulista de 1979 por dois meses, reivindicando os 30 dias de férias que a decisão do torneio os obrigava a abdicar. Não o fizeram e tiveram os 30 dias de descanso. Por fim, acabou conseguindo vencer o Palmeiras na decisão, por 1 a 0, e conquistar o torneio estadual.

O Bom Senso F.C. não precisou ser tão radical como foram os corintianos no fim da década de 70. Paulo André, Seedorf, Juninho Pernambucano, Dida, Alex e outros atletas foram recebidos pelo presidente da CBF, José Maria Marin. O mandatário prometeu um calendário mais flexível a partir de 2015. A Federação Paulista de Futebol também modificou o regulamento do campeonato estadual em 2014, encurtando a competição por causa da Copa do Mundo.

A reengenharia do calendário é, como disse acima, uma faca de dois gumes. A alternativa dos clubes grandes poderia ser utilizar equipes da base para a disputa dos torneios, assim como fez o Atlético-PR neste ano, dando maior tempo de descanso aos jogadores profissionais, visando um melhor desempenho nos campeonatos considerados mais importantes. Com a equipe paranaense, o resultado surtiu efeito. Os jogadores profissionais tiveram 90 dias de pré-temporada e, hoje, a equipe está na decisão da Copa do Brasil é o vice-líder do Campeonato Brasileiro.

A parte ruim envolve de tudo isso fica, é claro, a questão financeira. Não dos grandes, mas sim dos pequenos clubes. Grande parte dessas equipes que disputam os estaduais só conseguem ter quatro meses de competição no ano, que é justamente quando ocorrem os estaduais. As equipes que não estão em nenhuma divisão do campeonato brasileiro recebem uma arrecadação razoável pelos direitos de transmissão das partidas contra equipes "grandes" e a venda dos ingressos dessas partidas.

A liberação da equipe profissional dos clubes maiores diminuiria drasticamente o número de torcedores nos estádios dos clubes pequenos e também afastaria, em tese, o interesse na transmissão televisiva dessas partidas. A única renda grande dos clubes menores, que vivem mal das pernas há anos, seria cortada.

As federações estaduais precisariam rever e tentar encontrar alguma solução adequada para todas as partes. Talvez estimular a competição regional entre os clubes menores, fazendo um torneio unificado apenas com equipes interioranas fosse interessante. O que não pode ser tolerável é aceitar que o calendário seja alçado apenas pelos interesses econômicos do produto e que profissionais de equipes menores sejam esquecidos em um tempo onde tudo vale muito, menos o próprio futebol.

domingo, 23 de junho de 2013

O teu protesto é o meu também

O conteúdo apresentado pela mídia sobre os manifestos espalhados pelo país já deve ter te cansado. Várias análises, imagens, reportagens... Pois bem. Se você esperava que eu ia te propor uma leitura diferenciada, errou. Errou porque o que todos estão dizendo é a verdade e a única coisa a ser dita. 

Vou tentar impor o meu foco e te alguma visão deste protesto. 

Fazendo uma análise um pouco mais filosófica sobre todo esse fenômeno dos últimos 15 dias, vejo que o brasileiro está evoluindo seu pensamento crítico e também sabendo se comunicar melhor, graças a evolução da tecnologia e também da cultura do país. Mas não adianta querer que o um país de 500 anos seja como um pertencente da velha Europa, dá?

Antropologicamente, ainda é impossível. A cultura do brasileiro é colona. Não dá. O pensamento de querer sempre ter o melhor pra si e esquecer do entorno é ponderante. E vai ser por um bom tempo.

Imagine um partido que sempre lutou pelas causas e direitos do seu povo, promovendo manifestações e organizando debates com líderes sindicalistas e também representantes do governo, pedindo melhores condições de vivência pela sociedade e, principalmente, MUDANÇA no sistema política brasileiro. Este partido cresceu, abrigou grande parte do eleitorado brasileiro e, depois de muitas perdas, conseguiu chegar ao poder. Enriqueceu, venceu outras eleições e quase monopolizou o sistema político local. Proporcionou bons programas de benefício ao cidadão pobre, avançou na economia, soube se aproximar do empresariado, mas esqueceu das velhas manifestações que ergueram sua bandeira.

Com qual frequência você vê o prefeito do seu município nas ruas? E o prefeito que pertence ao partido que uniu-se aos 'trabalhadores'? Isso é que precisa ser pensado antes de generalizar a culpa e descontá-la inteiramente no dono da casa.

A crítica pesada e organizada pura e simplesmente por posição partidária me irrita profundamente. Os protestos precisam de foco, organização, ou acabarão perdendo a força - como já está acontecendo.

Sempre o lado da violência vai pesar mais do que o lado bonito da festa. É claro que, se três pessoas morrerem todos os dias no sertão de sede, essas mortes terão menor efeito do que se três pessoas morrerem no meio de uma manifestação que exigia simplesmente respeito. Apenas isso.

É claro que, para nós, escravos do capitalismo e sensatos por berço, nenhuma vida vale mais do que a outra. Mas, sinceramente, você acha que seja esse o pensamento do governo?


Manifesto em Araçatuba-SP: mais de cinco mil pessoas nas ruas (Foto: Kaio Esteves)

terça-feira, 7 de maio de 2013

Universidades públicas deveriam ser gratuitas?

Passei, esses dias, durante o trabalho, em frente a uma dessas pensões de universidades estaduais e federais que existem aos montes nas cidades maiores, por aí. Me veio um choque na cabeça e uma reflexão sobre essa questão. A universidade pública, com ensino gratuito no Brasil, é realmente um bom negócio?

O assunto até mesmo foi discussão durante reunião de pauta no jornal que trabalho e o pensamento do meu editor-chefe se fez contrário ao meu e demonstrou um ponto de vista que eu não havia enxergado. "O Brasil não deveria ter estudos gratuitos, deveriam ser todos pagos". 

Estranhei, por um segundo até pensei em me indignar com a posição dele. Tanta gente que não tem oportunidade e conseguem ser alguém por meio dessas bolsas que consegue com tanto estudo e esforço, por que isso deveria ser pago? 

O argumento surpreendeu e não me deixou nem sequer pensar em retrucar. "Me diga quantas pessoas de baixa renda você vê fazendo uma faculdade estadual ou federal. Só filho de rico, que estudou a vida toda em escola particular que consegue passar nesses vestibulares." 

É claro que existem as exceções de alunos que são extremamente pobres e hoje estudam em uma universidade pública. O governo tem feito programas para incluir a baixa renda no ensino superior, mas o número de alunos ainda é muito baixo. 

Um médico, por exemplo, formado na Unesp. Sai da faculdade ganhando um caminhão de dinheiro, cobrando um preço absurdo por uma consulta, sendo que se formou e estudou com o nosso dinheiro. 

Não culpo o médico, que teve competência e precisa dar valor ao seu esforço, mas sim o sistema, que é bom para uns e ruins para outros. 

O ideal seria que o médico fosse obrigado a pagar para o cidadão seus estudos prestando seus serviços pela sociedade, trabalhando em hospitais públicos durante um período, com um salário razoável.

Na Suécia, por exemplo, não existem regalias à ninguém. Tudo é público, desde o primário até o ensino superior. O sueco simplesmente escolhe uma profissão, estuda, se forma e vai exercê-la. O sistema parlamentarista monárquico sueco, equilibrado pela sua economia, baixa população e pouco território geográfico, permite que o nível social seja quase o mesmo a ponto do diretor e o faxineiro da mesma empresa morarem no mesmo bairro. Porém, como tudo nunca é bom o bastante, o nível de alcoolismo e suicídio no país é extremo. 

Uma vida já redonda, sem muitos desafios deprime o ser humano. 

Já nos Estados Unidos a situação muda. Tudo é pago, desde o primário até o ensino superior em qualquer escola ou universidade. O oferecimento de bolsas por meio do esporte e também por outras seleções de nível intelectual existem, mas a base oferecida ao americano desde os seus seis, sete anos de idade é muito mais concreta que a nossa. 

Talvez não seja uma opinião tão absurda considerar um país com ensino pago, desde que se ofereça a estrutura adequada para que pobres e ricos tenham as mesmas chances de ingressão nas universidades.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Brasil precisa evoluir seu pensamento crítico


Existe um contraste no sistema eleitoral brasileiro da antigamente e hoje que impressiona. Se antes menos de 5% da população era responsável por eleger o governante do País, hoje temos um dos mais modernos sistemas eleitorais do mundo, eletrônico e com poucos escândalos de fraudes desde que foi instalado aqui.

Na eleição de Afonso Pena, por exemplo, em 1906, 1,44% da população brasileira votou. Os parâmetros sociais da época restringiam a população de exercer seu direito como cidadão e o Estado, muitas vezes, não fazia questão de mudar isso. 

Isso refletia, mesmo que inconsequentemente, na evolução econômica, social e intelectual do país. Como haveríamos de evoluir se mais da metade da população não era alfabetizada e não tinha noção da importância do voto para o futuro do Brasil? Sem dúvida, houve muitas formas de frear o desenvolvimento aqui, embora hoje tenhamos maior consciência e com uma política econômica e social um pouco melhor do que de tempos atrás. 

Um olhar ainda precisa ser voltado para fatores decisivos no Brasil. A educação é uma delas. Não dá para pensar em desenvolvimento sem pensar na educação. 

O Brasil é um país com pouco mais de 500 anos e precisa evoluir seu pensamento crítico. Ainda estamos longe disso, já que países como a Europa são muito mais antigos e desenvolvidos do que nós. Ter respeito político no mundo e fazer parte do BRIC não é o suficiente. 

Há quem diga que o Brasil, por ser um país teoricamente "novo", está se desenvolvendo rapidamente, tornando-se a 5ª economia do mundo, mesmo que sua situação geográfica seja uma das grandes responsáveis por isso, tendo uma democracia invejada e uma liberdade de imprensa também digna de elogios de outros governos. 

Mas aquele que argumenta, esquece que de nada adianta um desenvolvimento econômico, trazendo investimentos, emprego, renda, democracia, liberdade de expressão e até benefícios sociais se o povo não for capaz de evoluir seu pensamento e buscar se enriquecer, seja de qualquer maneira, por meio do seu próprio intelecto.

O Brasil, seu governo e nós mesmos precisamos investir mais nisso.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Charlie

Não ouvia Charlie Brown Jr. todos os dias. Aliás, não ouvia já há algum tempo as excelentes músicas da banda, que teve altos e baixos durante sua história. Mas sempre quando estava dentro do carro, enjoava dos programados e começava a sintonizar as rádios à procura de alguma companhia, se ouvia alguma música cantada por Chorão, mesmo que estivesse no final dela, parava para escutar. E escutava, não simplesmente ouvia. 

Chorão fazia essa mística em suas canções. Provocava o desejo de escuta, não simplesmente o sentido da audição. As palavras autobiográficas do santista diziam muito mais do que o próprio som. Cresci andando de skate e ouvindo Charlie Brown. Posso dizer que fui marcado por muitas dessas músicas românticas e ao mesmo tempo inconformadas.

Na hora você não percebe que uma parte da tua cultura, da tua vida tá indo embora. Mas depois, vendo todas as homenagens e todos os choros por Chorão, a ficha de uma certa forma cai, mesmo sem nunca ter contato, mesmo sem nunca ser próximo do cara. Não fisicamente. As música me fizeram mais próximos dele do que de muita gente que vejo todo dia.

E assim, não poderemos mais ouvir novas e filosóficas músicas do maluco de 'bombeta' de aba-reta e com um skate sempre no pé. Chorão lutou pelo seus interesses, foi a última voz do inconformismo que vi e que trouxe um rock poético no Brasil.

Hoje choramos por Chorão, e com razão. Ele descobriu que azul é a cor da parede da casa de Deus...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Penápolis, São José do Rio Preto e Marília já foram atingidos por meteoritos


O diário britânico The Guardian divulgou ontem um mapa que mostra todas as cidades do planeta onde pequenos meteoritos já caíram. Os meteoritos são divididos por cores de acordo com o tamanho em menos de 10 quilos, de 10 a 20 quilos, de 20 a 30 quilos, de 30 a 40 quilos ou mais de 40. No Estado de São Paulo, os municípios de Marília, São José do Rio Preto e Penápolis já foram atingidos por meteoritos com menos de 10 quilos, segundo o mapeamento do jornal. Não há registros sobre nenhuma massa que tenha atingido Araçatuba.

Segundo o periódico, as zonas mostram onde os cientistas localizaram partes de meteoritos, alguns deles que caíram na Terra há 2300 anos antes de Cristo. Os dados são da Sociedade Meteorológica dos Estados Unidos.

Os países que foram atingidos por mais vezes por meteoritos de tamanhos diversos, segundo o mapa, são Estados Unidos, México, Austrália, Chile, Marrocos e Austrália.

Às 9h20 (horário local, 1h20 em Brasília) de ontem (15), um objeto em alta velocidade foi observado nos céus de Chelyabinsk, na Rússia, deixando um grande rastro atrás de si. No prazo de dois minutos houve dois estrondos. A onda de choque quebrou vidros em Chelyabinsk em uma série de cidades da região. Segundo o governo russo, mais de 1100 haviam procurado atendimento médico e 48 delas precisaram ser internadas. Segundo o governo russo, 200 dos 1100 feridos são crianças.