domingo, 23 de junho de 2013

O teu protesto é o meu também

O conteúdo apresentado pela mídia sobre os manifestos espalhados pelo país já deve ter te cansado. Várias análises, imagens, reportagens... Pois bem. Se você esperava que eu ia te propor uma leitura diferenciada, errou. Errou porque o que todos estão dizendo é a verdade e a única coisa a ser dita. 

Vou tentar impor o meu foco e te alguma visão deste protesto. 

Fazendo uma análise um pouco mais filosófica sobre todo esse fenômeno dos últimos 15 dias, vejo que o brasileiro está evoluindo seu pensamento crítico e também sabendo se comunicar melhor, graças a evolução da tecnologia e também da cultura do país. Mas não adianta querer que o um país de 500 anos seja como um pertencente da velha Europa, dá?

Antropologicamente, ainda é impossível. A cultura do brasileiro é colona. Não dá. O pensamento de querer sempre ter o melhor pra si e esquecer do entorno é ponderante. E vai ser por um bom tempo.

Imagine um partido que sempre lutou pelas causas e direitos do seu povo, promovendo manifestações e organizando debates com líderes sindicalistas e também representantes do governo, pedindo melhores condições de vivência pela sociedade e, principalmente, MUDANÇA no sistema política brasileiro. Este partido cresceu, abrigou grande parte do eleitorado brasileiro e, depois de muitas perdas, conseguiu chegar ao poder. Enriqueceu, venceu outras eleições e quase monopolizou o sistema político local. Proporcionou bons programas de benefício ao cidadão pobre, avançou na economia, soube se aproximar do empresariado, mas esqueceu das velhas manifestações que ergueram sua bandeira.

Com qual frequência você vê o prefeito do seu município nas ruas? E o prefeito que pertence ao partido que uniu-se aos 'trabalhadores'? Isso é que precisa ser pensado antes de generalizar a culpa e descontá-la inteiramente no dono da casa.

A crítica pesada e organizada pura e simplesmente por posição partidária me irrita profundamente. Os protestos precisam de foco, organização, ou acabarão perdendo a força - como já está acontecendo.

Sempre o lado da violência vai pesar mais do que o lado bonito da festa. É claro que, se três pessoas morrerem todos os dias no sertão de sede, essas mortes terão menor efeito do que se três pessoas morrerem no meio de uma manifestação que exigia simplesmente respeito. Apenas isso.

É claro que, para nós, escravos do capitalismo e sensatos por berço, nenhuma vida vale mais do que a outra. Mas, sinceramente, você acha que seja esse o pensamento do governo?


Manifesto em Araçatuba-SP: mais de cinco mil pessoas nas ruas (Foto: Kaio Esteves)