terça-feira, 7 de maio de 2013

Universidades públicas deveriam ser gratuitas?

Passei, esses dias, durante o trabalho, em frente a uma dessas pensões de universidades estaduais e federais que existem aos montes nas cidades maiores, por aí. Me veio um choque na cabeça e uma reflexão sobre essa questão. A universidade pública, com ensino gratuito no Brasil, é realmente um bom negócio?

O assunto até mesmo foi discussão durante reunião de pauta no jornal que trabalho e o pensamento do meu editor-chefe se fez contrário ao meu e demonstrou um ponto de vista que eu não havia enxergado. "O Brasil não deveria ter estudos gratuitos, deveriam ser todos pagos". 

Estranhei, por um segundo até pensei em me indignar com a posição dele. Tanta gente que não tem oportunidade e conseguem ser alguém por meio dessas bolsas que consegue com tanto estudo e esforço, por que isso deveria ser pago? 

O argumento surpreendeu e não me deixou nem sequer pensar em retrucar. "Me diga quantas pessoas de baixa renda você vê fazendo uma faculdade estadual ou federal. Só filho de rico, que estudou a vida toda em escola particular que consegue passar nesses vestibulares." 

É claro que existem as exceções de alunos que são extremamente pobres e hoje estudam em uma universidade pública. O governo tem feito programas para incluir a baixa renda no ensino superior, mas o número de alunos ainda é muito baixo. 

Um médico, por exemplo, formado na Unesp. Sai da faculdade ganhando um caminhão de dinheiro, cobrando um preço absurdo por uma consulta, sendo que se formou e estudou com o nosso dinheiro. 

Não culpo o médico, que teve competência e precisa dar valor ao seu esforço, mas sim o sistema, que é bom para uns e ruins para outros. 

O ideal seria que o médico fosse obrigado a pagar para o cidadão seus estudos prestando seus serviços pela sociedade, trabalhando em hospitais públicos durante um período, com um salário razoável.

Na Suécia, por exemplo, não existem regalias à ninguém. Tudo é público, desde o primário até o ensino superior. O sueco simplesmente escolhe uma profissão, estuda, se forma e vai exercê-la. O sistema parlamentarista monárquico sueco, equilibrado pela sua economia, baixa população e pouco território geográfico, permite que o nível social seja quase o mesmo a ponto do diretor e o faxineiro da mesma empresa morarem no mesmo bairro. Porém, como tudo nunca é bom o bastante, o nível de alcoolismo e suicídio no país é extremo. 

Uma vida já redonda, sem muitos desafios deprime o ser humano. 

Já nos Estados Unidos a situação muda. Tudo é pago, desde o primário até o ensino superior em qualquer escola ou universidade. O oferecimento de bolsas por meio do esporte e também por outras seleções de nível intelectual existem, mas a base oferecida ao americano desde os seus seis, sete anos de idade é muito mais concreta que a nossa. 

Talvez não seja uma opinião tão absurda considerar um país com ensino pago, desde que se ofereça a estrutura adequada para que pobres e ricos tenham as mesmas chances de ingressão nas universidades.

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